domingo, 17 de julho de 2011


Um momento.

Uma tarde de sexta-feira, o sol ardendo na vastidão do céu azul. A brisa mexendo nas árvores, com suas folhas ainda bem verdes, apesar do inverno. Um inverno doce, onde a menina aproveitava a perfeição do dia sentada em seu balanço, parado, com um livro nas mãos. Uma história repleta de palavras recheadas de aventura, ocupando sua mente e seu espírito, afastando-a momentaneamente da solidão. Ela encontrava nos livros o que a vida não tivera tempo de dar, e o que a distância a impedia de conquistar. Seus pensamentos voavam longe com o vento, imaginando realidades ardilosas, totalmente diferentes da dela. Uma realidade muito desconhecida, sem dores, mas sem completa alegria. A natureza era sua companhia, junto dos personagens incríveis e de seus contos épicos. Dizer que isso era o que ela possuía de melhor é estranho, pois, na verdade, ela sentia que nada possuía. Sentia-se só, perdida, pertencente a algo já esquecido, hoje ignorado pelas pessoas com pressa. Sentia-se inútil, num lugar que tinha tudo de bom a oferecer, mas ninguém para receber. Faltava-lhe muitas coisas. Carinho, afeto, compreensão, conflito e paz. Faltava-lhe voz, a necessidade de falar, e alguém para ouvir. Faltava o que fazer, faltava sentido em tudo ali. Relutante, fechando mais um círculo infinito de pensamentos, e na falta de opções, levou a concentração ao livro, às páginas, ao vendo despenteando o cabelo, e ao silêncio de seu âmago.

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