segunda-feira, 22 de agosto de 2011


O sofá era um ninho, quente, de cobertores. A chuva pingava lá fora, manchando a janelas com as gotas frias, o barulho contrastando com o fogo que ardia na lareira. Por mais que as palavras recém lidas ressoassem em sua mente, sem encontrar um sentido real, o silêncio prevalecia, incômodo, em tudo no que pusesse o olho. O silêncio que constantemente gritava-lhe, pedindo socorro, pedindo para poder sair dali, para que alguém viesse e o tirasse dessa situação solitária. Agora que pensara no assunto, não tinha tanta certeza de que era mesmo o silêncio que queria isso. Ao sentir um calafrio, deu-se conta do quão carente era (bem mais do que geralmente se considerava). Do quanto ansiava por um abraço, naquele momento. Por ter alguém para compartilhar aquele frio todo, embaixo daquele cobertor, conversando sobre qualquer coisa, mas conversando. Conhecendo-se através de simples e sinceras brincadeiras, de sorrisos, de risadas, de lágrimas. Não somente através de seu próprio olhar, sobre si. Isso é solitário demais. É o mesmo que ter objetivos e fazer tudo para alcançá-los, porém, quando chega-se lá é que se percebe que não tem com quem comemorar. Nesse momento é que sentia o peso da distância, o peso da solidão, o vazio que era (que é), e que falsamente preenchia. O tempo apenas passava, sem nenhuma memória para se guardar. Apenas um S.O.S., tímido, quase se escondendo no virar das páginas.

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