terça-feira, 27 de setembro de 2011

Passado

Passado.
Muitas das coisas que se passaram comigo, não precisavam.
Muitas das coisas que eu me fiz passar, foram desnecessárias.
Muitas das coisas que se foram, poderiam ficar.
Muito do que ficou, eu não consegui esquecer.
E muito do que irá, eu posso lembrar.
Talvez me fujam os detalhes, mas mesmo assim, ficará.
O que ali começou, há de continuar.
O que passou, não vai se apagar.
E o que viveu, não irá morrer.
E agora, algumas coisas, precisam ir.
Querendo ou não, chegou um fim, do qual não posso fugir.
E é com alegria que me despeço, sem lugar para lágrimas, só sorrisos para sorrir.
De todas aquelas boas memórias, e de todas as presentes promessas, de que não vão se acabar.

O teu passado me condena. O teu passado te define. O teu passado te fez assim.
Tanto faz. O futuro ainda está por vir.


Só uma bobeirinha dos meus pensamentos para não deixar passar em branco toda essa minha separação da época Brëe. Desculpe-me a má escolha das palavras.

sábado, 17 de setembro de 2011

Assombrada


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As pegadas recentes na areia seguiam os pés lentos que iam caminhando contra o vento. Os fones no ouvido, tocando músicas inaudíveis, pelo barulho das rajadas. O mar revolto, violento, batendo contra a praia, em direção ao sul. O sol chegava ao poente, a quilômetros dali, pelo outro lado da cidade. Seu cabelo voava no rosto, e ela segurava o chapéu, para que não fugisse. Toda essa tormenta do lado de fora, quase equivalendo à tempestade desequilibrada que passava por dentro – do corpo, da mente, do coração. Ali, ao menos, ela não tinha a quem enganar, fingindo estar feliz. Estava passando por mais um daqueles momentos em que você não se sente nada, importante, querida, ouvida, amada. Que você só sente o esquecimento, a falta de confiança, a dor. Parece que quanto mais Dalila escolhia sua amizades, mais ela escolhia a próxima para se decepcionar. Quanto mais ela se esforçava, percebia que não valia um dedo do que fazia. Mas quando precisavam de ajuda, ela aguentava. Dalila não queria mais sentir-se assim, sem vida. Dalila não queria mais esperar pelo próximo sofrimento. Ela só precisava confiar.

Inconsciente, continuava a andar, sem rumo, pelo dia que ia embora. As lágrimas insistiam em tentar sair, porém não era hora. Chorar por uma bobeira dessas, que lhe importava mais do que deveria. Deveria ser só um amigo, como sua mente lhe insistia. Não devia ser nada mais que um amigo, com quem contar nas horas mais difíceis. Só que seu coração discordava. Seus sentimentos iam um pouco mais longe do que isso. E pela primeira vez, Dalila deixara-os vencer, cansada de toda a racionalidade que era sua mera existência. E agora sentia como se tivesse cometido o pior dos erros, feito a pior das escolhas. No que tudo parecia igual, ela sentia até na ponta dos cabelos que estava diferente, que havia algo mais (alguém?) nas entrelinhas. Não sabia se arrependia-se por todo o resto, ou se simplesmente aceitava, levanta a cabeça, e continuava o papel, conforme o script.

Dalila não era o tipo de pessoa que abaixava a cabeça para a verdade, ou para a mentira. Para quando tudo parecia ser sem saída. Ela não tinha um coração de gelo, como os outros podiam pensar, pela costumeira grosseria, pela perturbação, pela simplicidade na diferença do modo de pensar. O olhar castanho, analista, discreto, detalhista, não era capaz de demonstrar a confusão, o impasse em que se encontrava. Sua persistência não sabia para onde ir. Podia continuar olhando por seus sentimentos, ou pela opção racional que, antigamente, seria sua escolha. Querendo ou não, admitindo ou não, ela se importava com aquela amizade, com os sentimentos que estavam do outro lado da balança. Só não sabia mais se era ou não para continuar acreditando neles.

Era como... como se estivesse sendo iludida, pelos próprios problemas, pelos próprios pensamentos.

De uma forma meio irreal, incerta, ouviu seu nome. E era um som feliz, aliviado, na voz que menos queria ouvir no momento. Quase foi capaz de sentir os braços ao seu redor, querendo confortá-la. Não obstante, abriu os olhos, e não havia ninguém. Olhou para trás, e não havia ninguém ali, na penumbra, procurando por ela. Ok. Ela queria aquela amizade. Podia estar certa, afirmar até que não tivesse mais voz, que não queria a companhia dele, que quando ele aparecesse (caso aparecesse), ela iria aceitar o abraço, o carinho, as conversas, como se nada tivesse acontecido. Era tão contraditório.

Muitas pequenas coisas significavam bem mais do que deveriam, para Dalila. E sua primeira reação sempre era aliviar-se em lágrimas, mas ali, na praia, isso não tinha graça. O mar já tinha água salgada demais. Convenceu-se, por fim, que aquilo tudo ali era um belo de um retrocesso. Talvez. Fora o tempo necessário para as coisas tomarem um rumo, ainda que tortuoso, para um simples começo. Aquela tempestade em copo d'água estava indo mais longe do que precisava, seus pensamentos não precisavam mais ser assombrados pelo bichinho da incerteza. Por um certo espaço de tempo, ele estava sob controle. Até quando, ela não queria descobrir. Assim que ele acordasse, tudo voltaria a se confundir...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011


O sofá era um ninho, quente, de cobertores. A chuva pingava lá fora, manchando a janelas com as gotas frias, o barulho contrastando com o fogo que ardia na lareira. Por mais que as palavras recém lidas ressoassem em sua mente, sem encontrar um sentido real, o silêncio prevalecia, incômodo, em tudo no que pusesse o olho. O silêncio que constantemente gritava-lhe, pedindo socorro, pedindo para poder sair dali, para que alguém viesse e o tirasse dessa situação solitária. Agora que pensara no assunto, não tinha tanta certeza de que era mesmo o silêncio que queria isso. Ao sentir um calafrio, deu-se conta do quão carente era (bem mais do que geralmente se considerava). Do quanto ansiava por um abraço, naquele momento. Por ter alguém para compartilhar aquele frio todo, embaixo daquele cobertor, conversando sobre qualquer coisa, mas conversando. Conhecendo-se através de simples e sinceras brincadeiras, de sorrisos, de risadas, de lágrimas. Não somente através de seu próprio olhar, sobre si. Isso é solitário demais. É o mesmo que ter objetivos e fazer tudo para alcançá-los, porém, quando chega-se lá é que se percebe que não tem com quem comemorar. Nesse momento é que sentia o peso da distância, o peso da solidão, o vazio que era (que é), e que falsamente preenchia. O tempo apenas passava, sem nenhuma memória para se guardar. Apenas um S.O.S., tímido, quase se escondendo no virar das páginas.

domingo, 17 de julho de 2011


Um momento.

Uma tarde de sexta-feira, o sol ardendo na vastidão do céu azul. A brisa mexendo nas árvores, com suas folhas ainda bem verdes, apesar do inverno. Um inverno doce, onde a menina aproveitava a perfeição do dia sentada em seu balanço, parado, com um livro nas mãos. Uma história repleta de palavras recheadas de aventura, ocupando sua mente e seu espírito, afastando-a momentaneamente da solidão. Ela encontrava nos livros o que a vida não tivera tempo de dar, e o que a distância a impedia de conquistar. Seus pensamentos voavam longe com o vento, imaginando realidades ardilosas, totalmente diferentes da dela. Uma realidade muito desconhecida, sem dores, mas sem completa alegria. A natureza era sua companhia, junto dos personagens incríveis e de seus contos épicos. Dizer que isso era o que ela possuía de melhor é estranho, pois, na verdade, ela sentia que nada possuía. Sentia-se só, perdida, pertencente a algo já esquecido, hoje ignorado pelas pessoas com pressa. Sentia-se inútil, num lugar que tinha tudo de bom a oferecer, mas ninguém para receber. Faltava-lhe muitas coisas. Carinho, afeto, compreensão, conflito e paz. Faltava-lhe voz, a necessidade de falar, e alguém para ouvir. Faltava o que fazer, faltava sentido em tudo ali. Relutante, fechando mais um círculo infinito de pensamentos, e na falta de opções, levou a concentração ao livro, às páginas, ao vendo despenteando o cabelo, e ao silêncio de seu âmago.

terça-feira, 12 de julho de 2011


Não tenha medo de sonhar. Não tenha medo de acreditar. Não tenha medo de amar. Não tenha medo de ser quem você é. Não se arrependa das suas escolhas, muito menos de viver a vida da forma que resolveu. Peça desculpas pelas suas palavras mal escolhidas, não pelas mudanças que desejou fazer. Não deixe que pensamentos e opiniões alheias te atinjam, pois elas são alheias a tudo o que você é e que elas não sabem. Não tenha medo do impossível, mas não leve a sério a possibilidade de todas as coisas. Certas coisas serão como são, e não da forma que você quer. Compreensão é fundamental. Não falte com paciência para aqueles que não te aceitam, pois a diferença atinge a muitos e de muitas formas. Simplesmente seja, sorria, e siga em frente. Abrace aqueles que você não tem medo de gritar que ama, principalmente os que não têm vergonha de retribuir. Se não basta para você, basta para mim.

segunda-feira, 20 de junho de 2011



Se algum dia eu fizer algo que você não goste, amigo, que você ache estranho por estar sendo contigo, não se desanime. Se te machuquei, nunca tive a intenção, aceite minhas desculpas e sorria novamente comigo.

Desculpe por essas manias ruins, por todos os cortes bem intencionados, por todas as palavras grossas, por todas as palavras sinceras, por todas as maldades e por todas as verdades.

Se eu não fizer tudo o que tenho direito com você (e parte do que não tenho também), não faço com ninguém mais. Os outros não merecem nada, então a eles eu nada reservo. Sobra para você, amigo, que aguente tudo, todo o perigo.

Junto de mim.

quarta-feira, 8 de junho de 2011



Coisas que quero, coisas que gostaria, coisas que desejaria. Coisas que são, ou deixam de ser.
Mudar tantas coisas. Mudar-me. Tirar essa mudança de humor que por mim corre, que tantas coisas estraga, que se estraga com tão poucas coisas.

Problemas. Isso que me move. Tenho tantas confusões, tantas desilusões, tantos desentendimentos. Gostaria de descobrir uma forma de poder resolvê-los, sem ter um pai que venha levantando a voz porque você não aceita, porque você não quer, porque não te entende, mesmo sem admitir. Queria ter um mundo só meu, para onde eu pudesse fugir sem que ninguém percebesse, sem que ninguém soubesse como chegar para poder chorar minhas mágoas em paz. Onde elas fossem levadas pelo vento, para depois se dissipar e nunca mais voltar. Onde a alegria pudesse reinar sem a interferência de meu humor. Para poder me afastar de tantas coisas que conseguem me fazer chorar só por estarem acontecendo. E me mandar parar não funciona.

Me afastar. Tão tentador. E tão impossível.
Quem me dera fosse culpa da minha teimosia. Mas é apenas ausência. É aquela sensação de se sentir uma formiga, pequena, perdida e sozinha no meio da multidão, sendo pisada, sem querer, por qualquer um. Nem a formiga entende. Quanto mais os que a cercam. Insignificante.

Queria alguém por perto, um ombro para o qual eu pudesse fugir e só soltar no dia seguinte, depois que os raios de um mesmo sol trouxessem um dia completamente novo, uma nova esperança. Já que as soluções me parecem inviáveis no momento. E da minha maneira de ver, é como se elas não existissem.

Não é que tudo seja tão assim. É só que estou sensível demais comigo mesma, e muitas coisas se aumentam enquanto outras diminuem. Minha tendência a se fechar e só desabafar com uma caneta e papel é bem grande nessa hora. A de achar que ninguém se importa. A de só olhar o lado ruim das coisas.
Não é que eu ache isso certo. É só que queria algo diferente, que me fizesse mais feliz.
Não é que a felicidade não exista para mim. É só que eu tenho que encontrá-la quase sempre por mim e meu reflexo, e me contentar ali. E às vezes, ela não está perto, não é fácil de se acessar.  
Não é que aqui não tenha coisas boas. É só que poderia ser muito melhor.

Me deixe sonhar. Ou venha e torne isso real, de alguma forma.